TDC2019 São Paulo - Ocorrência TDC4Women
O The Developers Conference vem a cada ano promovendo cada vez mais espaços de debate e proposição para ampliação da diversidade, não apenas em eventos, mas no mercado de TI como um todo. Um desses espaços é sem dúvida a trilha TDC4Women, criado para que não só haja um ambiente seguro de ampliação da participação feminina do evento, mas também como um espaço seguro para o debate de questões pertinentes ao universo feminino dentro da TI.
Isso posto, o Comitê de Ética tomou ciência de uma ocorrência durante a Trilha TDC4Women no TDC São Paulo, através de um relato público nas redes sociais redigido pela Voluntária designada pela organização para auxiliar no desenvolvimento da Trilha. Acreditamos que, mesmo não havendo o acionamento formal do comitê, faz-se necessário a manifestação deste para que seja possível o entendimento e a utilização do episódio como ferramenta de aprendizado e progresso do evento como um todo.
Seguindo os procedimentos padrão do comitê de ouvir todas as partes envolvidas e ampliar a percepção do relato, realizamos todas as etapas processuais e após debate chegamos a algumas percepções e proposições de melhoria para o Evento em suas edições futuras. O comitê baseia sua percepção não apenas na publicação da Voluntária, mas em diversas escutas realizadas com algumas pessoas que participaram da trilha e do fato descrito no post, reforçando que o canal ideal para este tipo de ocorrência é a comunicação direta ao comitê através de seus canais de contato.
Sobre a ocorrência:
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O evento possui um sistema de organização que pauta a seleção, organização e curadoria de palestrantes que se propõe a realizar palestras dentro de um tempo específico na trilha para qual submete. Qualquer outra abordagem ou formato de interação entre os participantes da trilha (coordenadores, palestrantes, público e organização do evento, no qual se incluem os voluntários) seja uma “roda de conversa”, “fishbowl” ou qualquer outro tipo de dinâmica, apesar de ser de uso recorrente, exige maior cuidado e gerenciamento específico durante a execução da trilha. Esta proposição de atividade, no caso em específico, parece não ter ficado clara a todos os participantes e teve alguns problemas na condução, que pode ter sido efeito causador do desentendimento e divergência de percepção dos envolvidos. Neste contexto o Comitê acredita que é total responsabilidade do evento disponibilizar treinamento e boas práticas aos coordenadores para que possa ser incluído na organização e na preparação essas variações de abordagem de conteúdo na trilha.
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Como foi esclarecido pelos relatos, houveram alguns equívocos na condução da atividade pela Coordenação na trilha em questão, principalmente ao lidar com uma divergência que impactou diretamente a voluntária, seguida de uma tentativa de correção “in loco” que não surtiu o efeito desejado, gerando uma percepção negativa de todo o processo. O comitê entende que lidar com múltiplas opiniões em um ambiente de debate aberto é algo extremamente desafiador e pode gerar sempre situações delicadas e complexas de serem avaliadas e resolvidas. Por isso recomendamos que as Coordenadoras esclareçam suas posturas de forma pública para que, se houve algum tipo de dano por uma percepção equivocada dessa postura, ele possa ser desfeito e as pessoas que se sentiram incomodadas com o andamento da atividade possam ter sua demanda acolhida e possamos, em eventos futuros, voltar a este debate com mais argumentos e de forma a educar as pessoas na percepção destes problemas e posicionamentos.
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Também percebemos a partir dos relatos coletados e do debate no comitê que faz-se necessário uma maior formalização do papel do Voluntário, suas atribuições, responsabilidade e alcance de participação no evento de forma isonômica a todos os participantes da trilha sem distinção. É muito importante que Coordenação, Palestrantes e Público entendam o papel do Voluntário no desenvolvimento da trilha, como conexão direta com a organização do evento. Esclarecendo as atribuições e responsabilidades do voluntário, tanto para o próprio quanto para aqueles com os quais ele irá se relacionar ao longo do evento, podemos evitar ações e percepções equivocadas em suas relações.
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O comitê reforça que, sendo a trilha TDC4Women o ambiente adequado para o debate dessas questões, cabe ao evento preparar tanto Coordenadores, quanto Palestrantes e Voluntários, para lidar com questões complexas e outras manifestações que invariavelmente podem ser geradas neste tipo de debate. Um espaço como o TDC4Women deve estar apto a receber todos os tipos de vozes e opiniões e também a estabelecer contrapontos e argumentações, de forma a permitir o livre debate que tende a contribuir e muito para o desenvolvimento do entendimento e da participação da mulher no mercado de tecnologia.
Dada esta percepção do fato o Comitê de Ética, além do que já recomendamos na descrição da análise, recomenda que seja efetivado um programa mais detalhado de preparação de Coordenadores para dinâmicas de debate e interação, bem como seja incluída, na preparação dos Voluntários, o esclarecimento do funcionamento e o papel do Voluntário neste tipo de atividade, além de também treinar a pessoa voluntária nas suas atribuições nesse tipo de conteúdo que extrapola a relação “Palestra” dentro de uma trilha de conhecimento.
A principal atribuição do Programa mais Diversidade é criar um ambiente seguro para todos e acreditamos que isto só é possível pela educação e pelo livre debate. Temos isso com um princípio norteador do TDC, mas também entendemos que o debate de temas complexos pode gerar situações delicadas e é de nosso total interesse preparar e dar suporte cada vez melhor para que esse debate progrida e que todos possamos aprender ainda mais como fazer e lidar com esse tipo de questão.
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